No próximo domingo, a sociedade civil estará elegendo os
seus representantes tanto para o legislativo, no caso os vereadores, como para
o executivo, isto é, o prefeito. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estima que
o eleitor leve em média 40 segundos para votar. Vale destacar que estes 40
segundos determinarão os próximos 126.144.000 segundos de nossas vidas.
Considerando o tempo estimado na cabina de votação, cada segundo gasto, será
responsável por 36,5 dias de mandato dos nossos representantes nesses 04 anos.
Preocupada com isso, a sociedade civil brasileira se
movimentou no sentido de colher assinaturas, correspondente a 01% do eleitorado
brasileiro, para apresentar ao Congresso Nacional o anseio popular por
candidatos sem antecedentes criminais. Fato é que ainda há muito a ser
conquistado para que se apresentem a sociedade candidatos genuinamente limpos.
No entanto, a “ficha limpa” pode ser
considerada uma grande vitória.
Mas quanto à igreja, como devemos nos posicionar. Não é pelo
fato de que as associações de moradores, câmaras e prefeituras municipais,
através de seus representantes, cumprem a sua função inclusive para com a
Igreja, que a mesma passa a ter um compromisso com A, B ou C nas eleições. Não
podemos deixar que se passe por despercebido a relevância social da Igreja,
pois muitos crentes, se não fosse à decisão ao lado de Jesus, aumentariam os
problemas de violência em nossas cidades.
Considerando a Bíblia e seus ensinamentos uma manual de
regra de fé e prática para os cristãos, naturalmente, será ela a fonte de
orientação para as nossas ações. Baseado no livro de Deuteronômio, capítulo 17,
responderemos a indagação que deu origem ao tema desse artigo, ou seja, em
quem devemos votar:
Em
uma pessoa de Deus (14-15).
Talvez alguns pensem que direi sobre a importância de votarmos em candidatos
crentes. Irmãos: O nosso Deus dispõe de alguns atributos, ou seja, qualidades
inerentes a sua essência. Essas qualidades ou atributos podem ser classificados
em incomunicáveis (onipresença, onipotência e onisciência...) e comunicáveis.
Estes são qualidades morais através do qual Deus se comunica com o ser humano.
Deixem-me dar um exemplo: Pensamentos morais levam a ações morais; ações morais
levam a hábitos saudáveis; hábitos saudáveis levam a uma estrutura de caráter
semelhante ao que queremos com a “ficha
limpa”. Sendo um candidato cristão ou não, a sua vida deve comunicar a
imagem moral de Deus.
Identificada
com a nossa necessidade, enquanto sociedade (15). Os vereadores e prefeitos devem, acima de tudo, trabalhar
em função da melhoria da qualidade de vida da população, recebendo-a e
atendendo as suas reivindicações. Estes homens e mulheres precisam dar mostras
da sua misericórdia. A palavra misericórdia é de origem latina que pode ser decomposta
em: Miseri, ou seja, sofrimento e cordis, isto é, coração. Uma pessoa
identificada com as necessidades é capaz de sofrer com o povo as suas lutas
diárias e não se portar como um norte americano, por exemplo, que vem ao Brasil
fazer turismo nos becos das favelas cariocas como se aquilo fosse uma opção dos
moradores.
Que
não busque os seus próprios interesses (16). O Supremo Tribunal Federal tem estado envolvido com o maior
julgamento de sua história, isto é, o mensalão.
Entre os crimes em destaque, encontra-se o de peculato, ou seja, o desvio de
dinheiro público por quem o tinha a seu cargo. Os cavalos, de que trata o verso
16, representam o enriquecimento ilícito de muitos gestores públicos. Paulo,
escrevendo ao jovem pastor Timóteo, disse: “Porque
o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”. Quantos males o povo tem experimentado
pela falta de determinado serviço público cuja verba tomou um descaminho.
Que
não leve o povo a escravidão (16). As
tristes lembranças do Egito ainda ocupavam lugar de destaque na memória do povo
no momento histórico a qual se refere o texto de Deuteronômio. Por essa razão,
seus representantes deveriam cuidar para que o futuro não contemplasse uma
situação semelhante a do passado. Irmãos: Os nossos representantes não devem
levar a população à escravidão, por exemplo, física, ou seja, a pernoites ao
relento para se agendar uma consulta; intelectual, isto é, a uma educação de
baixa qualidade para os nossos filhos; social que, entre outras coisas, exclui
os nossos jovens do mercado de trabalho. Tantas escravidões que deveriam ser
extirpadas da sociedade.
Que
não seja carnal (17). No propósito
de Deus para a humanidade, Ele já concebia a sociedade. No livro do Gênesis o
Senhor mesmo diz: “Não é bom que o homem esteja só”. A imagem que herdamos de
Deus, na criação, considera o caráter relacional, pois o mesmo ocorre na
trindade. Portanto, a criação da sociedade seria inevitável e a família a sua célula materna. Irmãos: Assim como os
diáconos e pastores precisam administrar bem as suas famílias, os nossos representantes
devem zelar por ela. Quem não exerce a boa mordomia em seu lar, mas vive
promiscuamente, certamente não alcançará o êxito esperado à frente de milhares
de famílias.
Que
tenha a Bíblia como livro de cabeceira (18-19). Todo ser humano tem pelo menos algum tipo referencial. E
isto determinará toda a sua vida. No entanto, o sucesso ou não de suas ações
revelará a qualidade do seu referencial. O fato de se ter a Bíblia como
referencial significa que a pessoa contará com uma fonte inesgotável de
sabedoria. Na Bíblia encontramos lições de psicologia, pedagogia,
administração, gerenciamento financeiro e muito mais. Enquanto certos homens
dão lugar a satanás no sentido de descredibilizar a Bíblia, o povo sofre com a
falta de sabedoria. Abraham Lincoln,
16º presidente dos EUA e que liderou o seu país na maior crise
constitucional, militar e moral, certa vez disse: “Estou ultimamente ocupado em ler a Bíblia. Tirai o que puderdes deste
livro pelo raciocínio e o resto pela fé, e, vivereis e morrereis um homem
melhor”.
Que
tema ao Senhor (19). A submissão as
orientações bíblicas caracteriza o temor ao Senhor. A palavra temor significa
tributar grande respeito ou reverência. Infelizmente, este verbo tem caído no
desuso. Fala-se em nome de Deus sem que a vida dê qualquer respaldo para isso.
Triste é ver crentes que insistem no pecado mesmo na responsabilidade de
dirigir o povo de Deus. No entanto, quem reverencia ao Senhor é contemplado com
um bônus: “O temor do Senhor é o princípio
da sabedoria, e o conhecimento do Santo é a prudência” (Pr. 9:10).
Que
seja humilde (20). Entre muitas
coisas que podemos falar sobre a humildade, quero destacar duas: A humildade
nos dá ciência de quem realmente somos. Ela, também nos deixa melhores diante
das pessoas. Em face do exposto, precisamos de representantes que saibam
realmente quem são, isto é, a voz do povo na gestão pública, e que, por esta
razão, desfrutem do respeito conquistado pelo pleno exercício de sua função.
Finalizando:
O apóstolo Paulo, escrevendo aos
romanos, fala sobre as autoridades como sendo provenientes de Deus. Nesse
sentido, devemos considerar que o exercício da função de autoridade é
legitimado por Deus. No entanto, cabe a nós o dever de eleger pessoas que
exerçam a função de autoridade com responsabilidade. Que Deus o ilumine no
sentido de que a sua escolha contribua para um futuro melhor.
Felipe Pinto Lima
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